às pombajiras filhas das matas, das águas, do ventre de Ọṣun. à ti, que sabe quem és
- natanael dObaluae
- 2 de fev. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 29 de abr. de 2023
(dói dói dói dói dói um amor faz sofrer dois amor faz chorar)
ainda que extinto
no desuso que é o amor sofrido
na dor da dor de sentir
na dor de ferir
na dor
avisto por perto
o vazio
nos devaneios de uma vida repleta:
é possível ser repleta?
em meio ao vazio
li em ti o significado da dor
a dor que nesse vazio habita teu cruzeiro
a aura tua em minha alma
até que escapuliu a tristeza
do calor do coração
ao olho negro teu
te lendo, sei que
falar não cura
olhar não cura
mas talvez te abraçar
me abrace, e
eu sinta então o que pode ser cura
e a passear no peito do rio
lembre-me do ecossistema da mata
do papel que é feito o nosso corpo
e que é da folha que muito pode-se curar.
te abraçar fez de mim parte do teu vazio
não te culpas
sentir tua dor não me faz mal
sinto aqui
que a nossa dor
em tese, uma só
pode ser fragmentada
e eu posso roubar aos teus olhos o pedaço que te assombra
enquanto tu cuidas de ti à tua maneira
calmo no turbulento
lento na urgência
doloroso no dicionário irremediável que é a palavra.
creio que agora devo fazer do meu íntimo
os meus desejos de desejar ainda mais intenso
por prezar
por ti.
agora, moça
o rio nos levou
vi a vida que ficava por acolá
avistei tu ali sentada
esculpida de ti
desnorteada do norte-teu
ligada no profundo
abraçada no eu
te assemelho a tantas coisas
a dona que se é
a divina mulher
a flor libidinosa
que carrega o mel
a flor que não enxerga as asas nesse casulo dos mundos que de longe se dizem teus
tu és a língua quase extinta
te olho
te contemplo
te imagino a
raridade brotada do íntimo do rio, da lama
do batuque
do ponto certeiro
tu és para mim
profundamente imensa. sim, tu és.
dama desse rio
a dama da tua vida
a dama na embarcação
pelo fluxo da água que nos devolve à vida
tu me és, cabocla
sereia-menina
dama no rio
a dama do rio
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