dentro do vaso de barro
- natanael dObaluae
- 8 de jun. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 2 de abr. de 2024
acordo com a certeza que fui roubado. talvez fosse um sonho enquanto os olhos tentavam abrir. tenho a sensação que me pesa ao lapsiar o possível furto. recordo ter sido violento como um assalto à mão armada que dispara rumo a pele, me atravessa e apaga. meu corpo estático se faz.
água barrenta, me acalmo. me torno filtro d'água e a sua pureza, o frescor que desce cristaleira como um riacho vazio entre as pedras. lembro do vaso de barro, a cor marrom, da terracota… lembro conter um segredo e que os toques tinham mãos escolhidas.
com poucas lembranças, tenho daquelas convictas certezas que existiu um passado que não devo lembrar. não me sinto nostálgico pelo que não recordo, tomo caminhos distintos ao esquecimento e me faz bem.
ainda que a pele conflagre, firme tenho segurado a angústia com as mãos e o possível, enquanto o vazio autorrepara o dano que a memória causa.
entrelinhas, sentado ao chão, me aproximo da terra até que esse piso frio refresque o meu juízo. segurado do aperto, embarco em águas adentro. tudo tem cheiro de pasto por perto, bosta. tem cavalos distantes e o som do verde, tons da natureza ao entardecer. à sombra do dia, por trás da parede limo, sinto frio sob a pele magra. a pequena lamparina mal ilumina o ambiente, tampouco aquece. de dentro, ouço apenas pedidos, orações... descubro que o templo ferido não se desfaz. sinto a submersão se aproximar, me entretenho com memórias que vivem na afeição. meu peito brilha forte, como estrelas perto… e ao som da porta rangendo, com a inventura do vento seco, desperto. tudo se faz branco e o talvez incerto demais aos desejos calados e distantes que me tem.
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